sábado, dezembro 02, 2006

Para pensar neste Advento...

Não gosto de pensar que vou falar alguma coisa para alguém sem antes fazer uma pequena preparação (por mais leve que seja). Quer isto dizer que não gosto de ir dar uma aula ou uma catequese sem preparar as coisas. Mas esta semana, em virtude do muito trabalho que tive, isso aconteceu duas vezes: na última aula teórica que dei e na catequese de hoje. Mas por vezes chego à conclusão que às vezes até é o melhor. Não vou falar da última aula, mas sim da catequese de hoje. Mas primeiro quero que saibam que dou catequese a crianças do 4º ano, com 9 anos. Têm muito boa vontade, são extremamente simpáticas, mas têm o problema de serem irrequietas. Nada que não se ultrapasse.

O Advento começou hoje. Sem uma catequese muito preparada, nada melhor que falar do Advento e começar a perguntar coisas aos miúdos. E inspirar que lá de cima a inspiração ajude.

Cada vez mais acho que toda a gente percebe melhor as coisas com metáforas (isto de dar aulas de Economia a pessoas que não têm nada a ver com aquilo puxa pela imaginação). Chegámos à conclusão que o Advento é o período em que temos que nos preparar para receber Jesus. E aqui começam as metáforas. Duas metáforas:
- quando vamos à festa de um amigo nosso, levamos uma prenda.
- quando recebemos um amigo em casa arrumamos o nosso quarto (questão levantada às crianças).

Ora bem, Jesus é o nosso melhor Amigo. Sendo assim, tudo o que fazemos aos outros, devemos fazer ao nosso melhor Amigo. E as crianças perguntam-me: mas se quem faz anos é Jesus, porque oferecemos prendas uns aos outros? É esse o problema... Esquecemo-nos de quem deve receber as prendas. E é simples oferecer prendas a Jesus: Amor aos irmãos, compreensão, reflexão sobre o que fizemos de mal e pedir perdão (a confissão, no fundo). E ao fazer isto estamos a arrumar o nosso quarto para receber Jesus (o quarto onde o recebemos é o coração). É fazer rezamos no Pai Nosso (que devíamos fazer todos os dias): "perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido".

É curioso que depois me lembrei de outra metáfora. Costumamos dizer tantas vezes: se te portas mal o Pai Natal não vem cá a casa. É o mesmo que pensar que se nos portarmos mal Jesus não vem ao nosso coração. É assim tão difícil? A melhor prenda que podemos dar a Jesus é o Amor que damos ao nosso irmão. É claro que as prendas são o reflexo e a materialização desse Amor. E que por si só não têm nenhum mal (o problema não é as prendas, mas o que está por trás delas).

E depois de uma catequese um bocado atribulada, devido ao barulho (lembrem-se que as crianças do grupo são um pouco irrequietas), fomos fazer a oração. Como costume são eles que fazem a oração final. Normalmente eles rezam um Pai Nosso e uma Avé Maria e eu depois dou uma ajuda e agradecemos a Jesus por mais um dia, pelos amigos e pelas coisas boas da vida. E hoje uma das crianças, depois do Pai Nosso e da Avé Maria rezou o seguinte: "Ó Jesus, obrigado por mais um dia. Perdoa-nos por nos termos portado mal na catequese"...

22 comentários:

Anónimo disse...

De novo de volta.
E ei-nos chegados ao Advento.
É dividido em duas partes.
A 1ª até dia 16 que dá maior evidência ao aspecto escatológico e que nos orienta para a vinda gloriosa de Cristo; a 2ª do dia 17 ao 24, tudo é orientado (tanto na Missa como na Liturgia da Horas)para a preparação directa do Natal.
è um tempo de espera e de esperança. Mas neste Tempo de esperança, somos confrontados com uma "operação Natal" de cariz comercial que usurpa totalmente o seu sentido.
No meio de tanto ruído não chegamos a ouvir o melodioso cântico Angelical:"GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS E PAZ NA TERRA AOS HOMENS".
No meio de tantas luzes os nossos olhos ficam ofuscados e não nos damos conta da LUZ que habitou entre nós e em nós e que passando pela terra fazendo o bem, disse:"AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI".
A propósito, um exercício para nós. Reparamos como somos exigentes na escolha dos embrulhos dos presentes. Por vezes parece que damos mais importância a estes do que ao que é ofertado. Imaginemos que nós somos um presente que vamos oferecer ao Menino Jesus. Que embrulho queriamos?
Um Advento vivido na paz e no amor ao som de "Maranatha".

P. disse...

ui...
nao xega pedir desculpa so ao fim do dia com tdas as coisas mas que fizemos?
´que pedir desculpa por cada acto ou pensamento menos bom ocupa demasiado tempo..ou então sou eu que sou muito má..hummmm

Dogus disse...

suponho que estejas a falar da confissão. não tens que te confessar assim que cometes um pecado, até porque senão tínhamos que ir muitas vezes à igreja... de resto não é mau pedirmos desculpas pelas maldades que fazemos no final do dia.

Digo eu que sou cão e não sou teólogo!

licínia disse...

É sempre bom ter um teólogo na família...obrigado jc por lembrar constantem,ente a vinda do JC

Anónimo disse...

Olá "Crisálida" já tinha saudades de te ter por aqui, se bem que eu também tenho andado arredido. Tudo bem? E essas "engenhocas" como vão?
Gostei e faz pensar o q escreveste.
Primeiro, porque nos põe perante a necessidade de pedir desculpa porque sentimos que nem tudo o que fizemos foi bom.
Depois a questão da quantidade...
Se não ponho entraves em manifestar o meu amor ao outro/outros, porquê limites ao meu pedido de perdão?
Prefiro a qualidade.
Se o n/ objectivo é o AMOR, viver com ele e nele-AMOR, isso pressupõe uma inter relação profunda com o outro. Existindo esse conhecimento do outro (para aqui, o mais abrangente possível)sabemos perfeitamente quando é limitada a nossa doação, que por vezes se confunde com o egoista "eu".
Ora se, reconheço a limitação da minha caridade (que quer dizer AMOR) porque impor limites ao meu pedido de perdão? (estou-me repetindo mas não faz mal).
É que assim permite reatar em pleno o meu relacionamento.É que a vida é isto mesmo. É um estar de pé e estar caído. Interessa é que ao chegarmos ao fim estejamos de pé, ou seja vivendo em AMOR, no AMOR, e só para o AMOR.
Isto é válido para o meu relacionamento humano e para o Transcendente.
Mas voltemos à carga do post anterior. Qual o embrulho que que gostarias de ser?
Um beijinho.

Dogus disse...

O teólogo não respondeu à minha dúvida... continuo a achar que não tenho que ir a correr confessar-me quando faço pecados senão não havia padres disponíveis só para mim (quer dizer, para os outros, porque eu sou cão e só tenho um pecado: o da preguiça - logo um pecado mortal...).

Quanto ao embrulho para me oferecer ao Menino Jesus... sinceramente, acho que não vale a pena ir embrulhado. Ele sabe tudo o que está cá dentro (no coração)... o embrulho é para fazer uma surpresa...

Anónimo disse...

Respondo agora ao Dogus.
Entramos aqui na área da Moral. (Sei bem que há por aí como que um sucedâneo chamado Ética) que no funfo no fundo irá bater quase ao mesmo, mas adiante...
Não vamos entrar num tema muito querido do actual Papa, que é o relativismo. No entanto não podemos fugir ao que é consciência, que está imensamente ligado à noção de pecado. Pessoalmente, gosto de definir pecado como sendo um acto de desamor para com Deus Criador e ou para com as suas criaturas. Todas, quer animadas de vida quer não. Assim poderemos até concluir que haverá pecados ecológicos-todos os ataques à Natureza por exemplo.
Daqui poderemos deduzir que a "noção" de pecado ou melhor a intensidade da noção, poderá variar de acordo com a pessoa. Ex.: O recitação da Liturgia das Horas, será para uns obrigação, para outros não será. A sua omissão para uns será pecado, para outros não.
Não é por escassez de Presbíteros que não nos aproximamos dia a dia, Sacramento da Reconciliação, do Perdão, em suma do Amor. (só perdoa que ama), e quem perdoa não é o Padre, mas sim JESUS CRISTO,pois o Padre actua "in persona Christi" mas sim a consciência de que a falta é venial ou grave.Que não nos afasta da comunhão dos irmãos, ou que rompe com os elos dessa corrente fraterna. Mas porque precisamos de ajuda para discernir da gravidade (senão lá vem o relavitivismo)aí, para quem tem fé e consciência de pertença a uma família que caminha em comunhão e como povo, é aconselhado o regular exercício de nos considerarmos limitados, finitos, logo pecadores, recorrendo à "barrela" que devolve a brancura da veste branca que nos foi colocada no dia do nosso Baptismo.
Não esqueçamos no entanto um elemento essencial: o propósito firme de arrepiar caminho.
Uma festinha nesse dorso peludo.

Dogus disse...

Estou tramado! Por muito que me confesse nunca conseguirei ficar branco...

Vitor Hugo disse...

Usa NeoBlanc...

Dogus disse...

olha bem para o meu focinho... devem ter juntado lixívia com algum doce... entretanto em lambi os beiços e fiquei branco! Não é lixívia! É leite condensado!!!

A lixívia em mim não faz efeito...

Anónimo disse...

Bom dia!
Queria deixar só este testemunho.
No Sábado passeando pelo Vida Doce em Coimbra (leia-se Dolce Vita) comecei a ver que tudo estava preparado para receber o Natal.
Tudo bem! Havia estrelas, anjos, árvores de Natal, arbustos(?) gnomos (?), renas, o Pai Natal, a casa do Pai Natal, embrulhos de prendas, pinguins....
Não encontrei o Menino Jesus!!!
Será que se esqueceram do aniversariante ou tão simplesmente ele está tão vivo nos nossos corações que não precisamos de fazer o presépio?

Anónimo disse...

Deve ser uma festa surpresa...

Anónimo disse...

Na minha caja já tá o pujépio...
E eu góto de fajêi futinhax ao munino Jajux.
De veij em quando vou dá-lhe um ai-ai...

Dogus disse...

É verdade Célia, é mais uma coisa para pensarmos (não, não é milagre... estou de acordo contigo! Eu avisei...).

Agora vou dar a minha opinião (sem qualquer carácter de ironia ou opinião contra ti). O supermercado está a preparar o natal (propositadamente escrito a minúscula) e não a preparar a vinda do Menino Jesus. É curioso que mistura coisas religiosas com coisas pagãs (anjos e renas, por exemplo). Pode ser (duvido...) que o Menino Jesus apareça no dia 25 e seja a tal festa surpresa...

Quanto à tua pergunta: "...tão simplesmente ele está tão vivo nos nossos corações que não precisamos de fazer o presépio?". A minha resposta é clara: duvido que esteja vivo. E mesmo que esteja às vezes, muitas vezes esquecemo-nos dele (e falo por mim próprio).

Este é um comentário para veres que conseguimos entrar em sintonia (para além do futebol, da Economia e da gestão).

Dogus disse...

Apesar de não perderem nada em apelar um pouco ao Advento, não é essa a função principal dos supermercados. Infelizmente estão muito ligados ao consumismo. Nós, Cristãos, temos que saber que o Natal é importante, que as compras podem fazer parte dele, mas não nos podemos esquecer do mais importante.

O Advento é para nós Cristãos! Para nós que é o Menino Jesus que vem e não é o pai natal; para nós que acreditamos no Menino pobrezinho e não na ostentação e na riqueza.

Somos nós que temos que preparar o Advento. Preparar o nosso coração e espalhar o que é o Advento pelos outros. É um tempo para pensarmos, para interiorizarmos o que está mal ou bem em nós.

E até aqui acho que continuas a "caminhar ao meu lado".

O problema é que nós proclamamos o Advento mas não o Vivemos. E isto é uma reflexão muito pessoal! Cada vez que me zango com alguém sem razão; cada vez que perco a paciência com algo; cada vez que me esqueço de pensar na minha vida. Temos que Viver o Advento, temos que Viver Cristo e temos que o Testemunhar. E continuamos lado a lado...

MAS...
não há bela sem senão... A sociedade, como tu dizes, esqueceu o Menino Jesus. É grave. Mas curiosamente não acho tão grave esquecer o aniversário de um amigo quanto esquecê-lo o resto do ano. Ou seja, é grave esquecer o Menino Jesus no Natal. Mas é mais grave esquecê-lo todo o ano. E a sociedade esquece-o a toda a hora. E é muito curioso, mas sintomático do problema da sociedade, quando o referendo à morte (mascarada com o nome de aborto) é anunciado nas vésperas do início do Advento. É por isso que ninguém quer saber do Menino Jesus, muito menos no supermercado...

P. disse...

esquecer nao esqueceu...mas nao vende tanto..quem quer lembrar sacrificio, pobreza, desconforto(...)quando se pode ter no subconscientre um velhote simpatico que da preendinhas? a questao esta naquilo que queremos pensar/fazer da vida para que fique "melhor", e cada um "enfeita" como acha melhor, mas talvez, a longo prazo aconteça como com os empestimos que sabemos nao poder pagar, com o acumular de dividas que se fazem para de algum modo "abrilhantar" a vida, para a tornar mais facil...a longo prazo vai dar asneira seguir o caminho mais facil...
por falar no assunto , vou fazer o meu presepio;)

Anónimo disse...

O meu já está feito, tem Menino, pois cá em casa bem pouco se liga a presentes (também os há ), roupa, livros, etc, mas o mais importante é estarmos juntos, haver conversa, brincadeira, discussão, risota e música. Isso sim é que é importante.

Dogus disse...

E COMIDA!

Anónimo disse...

É VERDADE DOGUS! A comida também faz falta, mas isso graças a Deus sempre tem havido. Beijinhos

Dogus disse...

Eu sou a prova viva que comida não falta! Estou um bocadinho gordo...

Vitor Hugo disse...

E pra velha ter presepio tive d ser eu a faze-lo...

Anónimo disse...

Quem o fez no ano passado fui eu, mas assim foi melhor, fui fazendo outras coisas.