domingo, janeiro 17, 2021

Bicicleta aos trinta e muitos

Temos a noção de que começamos a ficar velhos quando temos muitas recordações. Não, não me estou a lamentar! Até porque é coisa que não me preocupa muito, a idade, mesmo estando a chegar aos 40 (e já falta menos de meio ano...).

Faz hoje exatamente 9 anos que entreguei a minha tese de doutoramento. Sabia que tinha sido por estes dias, não tinha noção do dia exato. Apercebi-me quando folheei o livro há um par de dias. Mas lembro-me desse dia. Lembro-me do momento em que deixei nos serviços e lembro-me de ter ido para casa e de ter pensado: "E agora? O que faço?". Depois de 1340 dias, é uma pressão que sai dos ombros, mas é um vazio que fica. O mesmo vazio que senti sempre que entreguei cada um dos meus livros e que só não acontece nos outros trabalhos, porque esses já são feitos em "modo de perseguição", sempre com outros atrás.

O bom da vida, é que mesmo quase chegando aos 40 anos podemos sempre fazer coisas novas. O ano de 2020, que nos trouxe tanta coisa nova, trouxe-me também a prática de duas novas atividades físicas: o padel e a bicicleta. Já em tempos tinha experimentado o ténis. O padel tem muita coisa semelhante, mas é, simultaneamente, mais desafiante. Não substitui o meu gosto por jogar futebol (ou futsal) mas pelo número de participantes torna-se mais fácil arranjar pessoal.

A bicicleta, essa, já é diferente. Ainda antes de aparecer o Covid, o Rui e a Ana começaram a andar de bicicleta. Com o confinamento aventurei-me. E depois de algum tempo em que andava na bicicleta do Rui, com o desconfinamento acabei por comprar uma para mim. Em boa hora o fiz.

Andar de bicicleta faz-me bem. Já fiz uns quantos quilómetros com os pequenos (mais com o Rui, que tem mais resistência que a Ana) mas também já fiz muitos sozinho. A bicicleta tem-me permitido manter a forma e manter o peso que que trago desde meio do confinamento. A maior jornada que tive foi acompanhada do Rui, no verão, quando fizemos Évora-Arraiolos-Évora no mesmo dia. Com paragens para lá e para cá, além de uma paragem para almoço (quando ainda o podíamos fazer...). Depois dessa, segue-se a maior viagem a solo que fiz: 19,8km, já este mês.

Hoje decidi subir o Alto de São Bento, onde não tinha ido ainda de bicicleta. Fui com o Rui e a Ana, que fez a parte final da subida a pé ao lado da sua bicicleta. Depois voltámos. Tinha que ir ao Alto dos Cucos, levei novamente a bicicleta e decidi regressar à subida do Alto de São Bento. Já não consegui ir até ao topo mas fiquei quase. E regressei a casa (vejam o passeio aqui: https://www.relive.cc/view/v1vjAoEk3Yq).

Mas porque isso agora? Porque além da saúde há um outro objetivo solidário. Nos últimos anos tenho organizado uma festa de Natal na minha escola. Este Natal não foi possível, por motivos óbvios (podem ver o best of das edições anteriores aqui: https://www.facebook.com/events/143501173904834/). O Christmas in ESAE tem um cariz solidário, de angariação de bens. Como este ano não podia haver, decidi voluntariar-me para fazer Elvas-Portalegre de bicicleta, arranjando patrocínios para o efeito, em géneros alimentares. E ando a preparar-me para isso, quando a situação pandémica o permitir. E o passeio de hoje serve para a preparação do início dessa etapa, pois logo à saída de Elvas tenho a subida até ao Forte da Graça. Como eu tenho dito, se não "morrer" até ao Forte, certamente consigo fazer o resto. Ou não, dependendo do estado em que ficarem as pernas depois da subida...

O que me havia de dar (quase) aos 40...

1 comentário:

Ana Ferreira disse...

😎😎😎