Luanda está silenciosa. Não digo que dorme, porque esta cidade, infelizmente, nunca está nesse estado. Ao olhar pela janela, a baía está tranquila. Notam-se alguns carros, ao longe. O céu, escuro, está um pouco nublado. Como tem estado nestes dias.
A cama chama por mim, depois de mais uma noite de trabalho, a organizar formações. Tempo que poupo quando estiver em Évora (e que posso dedicar à investigação) e tempo que vai passando, aqui em Luanda. Devagar. Por vezes como se estivesse a gozar comigo. Cai um segundo... e primeiro que caia outro, é quase meia-hora.
Mas o Rui hoje fintou o tempo. Ele, que raramente fala ao telefone, lá esteve, durante 5 longuíssimos minutos, à conversa comigo. Tempo para dizer "Olá pai" e me roubar um sorriso do tamanho do mundo; tempo para me dar um beijinho; tempo para cantarmos a música do Noddy os dois; tempo para dizer que ontem foi golo do Benfica... Tempo para me deixar completamente feliz, tornando-me eu próprio uma criança. E depois, enquanto falava com a mãe, lá estava ele a brincar com os legos, e a cantarolar.
Hoje vou dormir, certamente, bem descansado (só me lixa estar aqui um mosquito no quarto...). Não há melhor bálsamo, neste momento, que a voz do Rui (já que algo mais é impossível, pela distância). Só não sei se diga se "só faltam" ou "ainda faltam" 5 dias e mais umas quantas horas...
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